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Meu parto domiciliar super planejado rapidamente

  • Aline Cristiane Chaves Yamamoto
  • 25 de jan. de 2016
  • 9 min de leitura

Estamos entrando na terceira semana do Rafa com agente e eu já tinha desistido de publicar o meu relato de parto, mas acho que pode ser útil pra alguns assim como outros relatos foram úteis pra mim! Só prossiga a leitura se o interesse for buscar informação sobre parto, motivar sua decisão por um parto normal, ou compartilhar comigo o sentimento de vitória. Caso contrário, não leia!


Como falar do parto do Rafael sem falar no parto do Matheus?


Quando descobrimos a gravidez do Matheus eu já estava de 3 meses! Foi um susto, porém o esperamos com muito amor. Desde então, passei me informar como cuidar e educar uma criança, visto a minha total inexperiência com os pequenos em todos os aspectos! A única coisa que eu tinha certeza era do medo do parto!!! Eu optei por um parto normal por ter mais medo ainda de cirurgia! Porém, meu medo foi tão grande que hoje, percebo que passei a negar o fato: PARTO, como se ele não fosse existir! Entraria em trabalho de parto e magicamente teria meu filho nos braços! Assim, bem fácil! Doce ilusão!!!! Além disso, como estava negando o PARTO, não tinha porque buscar informações sobre ele!


Foi assim que eu fui parar no centro cirúrgico fazendo uma cesariana! Mesmo, entrando em trabalho de parto, de um bebê a termo, cefálico, com todas as condições para um parto normal!


Quando planejamos o Rafael, pensamos muito na companhia que seria para o Matheus!!! O parto, era implícito, outra cesariana, porém entraria em trabalho de parto novamente!


Já grávida de vinte poucas semanas, em uma viagem à Campinas, uma amiga grávida pela primeira vez e 4 semanas a mais que eu, me bombardeou com informações sobre parto normal e humanizado! Foi quando assisti pela primeira vez o filme: O renascimento do parto. Super recomendo!!!! Voltei de lá certa de que eu iria parir dessa vez!!!


Daí então, fui atrás de informação, li muitos relatos de partos e vi que havia uma chance, mas teria que lutar contra o sistema, que te leva pra cesariana, sem dúvidas!!! Já vivi esta história!!!!


Então, eu e meu marido planejamos e contratamos o serviço de assistência pre-hospitalar, que aumentaria minhas chances de ter um parto normal no hospital, era mais confortável para meu esposo e minha mãe, que apesar de acharem lindo essa história de parto normal, no fundo achavam a cesariana mais prática e segura. Nesse momento eu já queria muito um parto domiciliar!!!


Minha inquietação só estava começando!


Conheci minha Doula pelo facebook, no grupo de doulas voluntárias de Brasília. Ela também me muniu de muita informação!


Com 30 dias para a data provável do parto, resolvi tirar férias do serviço, para preparar minha mente e corpo para o grande momento!


Em contato com a Letícia, enfermeira obstetriz que iria me acompanhar na assistência pré-hospitalar, fiquei sabendo do chá de parto (grupo de educação e assistência perinatal) e foi aí que começou uma grande modulação das informações que eu tinha.


Nesses encontros refletimos muito e resignifiquei muita informação que eu tinha: Refletir sobre o parto e o que ele significava pra mim, me preparou pra colocar o meu medo pra fora e encorajar a mulher que há em mim! Conhecer com riqueza de detalhes as fases do parto foi importantíssimo pra eu me identificar dentro do processo (pequenas luzinhas do córtex que ascenderam e apagaram no meu trabalho de parto, afinal, realmente não precisamos de pensar em nada pra parir). Pensar na dor e como acolher essa dor como algo bom, que me aproxima do meu filho, como diferenciar a dor do sofrimento, me ajudou a condicionar e preparar meu corpo para sua grande mudança no trabalho que estava por vir. E o relaxamento e o hipnobirthing foram bem vindos já nos meus pródomos! Usei na fase expulsiva.


Duas semanas antes do nascimento do Rafa, cheguei em casa bem empolgada do chá de parto! Falava muito pro meu marido das fases do trabalho de parto, como ele tinha que fazer e como eu iria reagir. De como me relacionar com a dor, dos hormônios que prejudicam o trabalho de parto quando sinto medo e ansiedade.

Nesse encontro do chá, soube que uma das gestantes havia parido, porém não quis ir para o hospital, contratou o serviço de assistência pre-hospitalar e mudou para o parto domiciliar em pleno trabalho de parto. Isso me deixou intrigada! Tenho duas amigas que sentiram a maior dificuldade em sair de casa para parir no hospital, e lá no meu íntimo eu sabia que ir para o hospital era aumentar as chances de uma cesariana!


Então meu marido, já mais flexível e informado com relação ao parto humanizado, me disse porque não faríamos o domiciliar que eu tanto queria? Eu me apeguei a essa pergunta , já corri na Lê, propus uma conversa sobre Parto Domiciliar Planejado! Já estava com 38 semanas! Ela topou, a gestação estava ótima e de baixo risco, e na terça, 3/11, exatamente com 39 semanas fechamos o parto domiciliar super planejado rapidamente! Rs...


Corremos para providenciar as coisas! Pois já sabíamos que estava muito perto! Já sentia cólicas, incômodos, desconforto e dores no baixo ventre!


Na última quinta, 5/11/2015, umas 10h, saiu um pouquinho de sangue. Avisei pra Lê e ela disse, vida normal, é o colo trabalhando!!! Segure a ansiedade!!!! Minha Doula comemorou comigo e disse acolha tudo o que vier! Lembre-se que pode levar alguns dias ainda!!!


Mais tarde uma quantidade maior de sangue com secreção vaginal saiu! O tampão!!!! Eba!!!!! Mas não comecei a contar nada! Fui pra piscina com meu gatinho Matheus, pensei: Está perto, vou me agitar um pouco e curtir meu filhote! Brincamos uma meia horinha na piscina! E vamos seguindo a vida! E as contrações já vinham, bem fora de ritmo!!! Mas estavam ali!

Era dia de chá de parto, pensei em não ir, mas daí fiquei sabendo que seria relaxamento: É isso que Preciso! Fui!!! Como Deus é lindo! Providenciou esse momento maravilhoso para mim!!!


Após o nosso encontro, ainda conversando com uma das gravidinhas, eu já estava sentindo que estava perto demais, as contrações estavam ritmadas e frequentes, mas ainda não estava contando os intervalos e duração!! Já estava me esforçando para me concentrar no que ela estava dizendo!!!


Fiquei esperado meu marido me buscar mais uns 10 minutos e na rua a minha vontade era de agachar: já estava incomodando muito... Isso já era umas 18h30. Falei com a Lê, já estão intensas e ritmadas!!!!! E lembrava da Lissandra (facilitadora do chá de parto) dizendo são ondas, são intensas e são sensações.... Não quis pensar na palavra dor!!!

Nas minhas contas já começaram de 5 em 5 minutos! Cheguei em casa direto pro chuveiro! E já estavam vindo com muita intensidade!!!! Pedi pro meu esposo chamar a Letícia, ela logo chegou!!!! E tudo começou efetivamente as 20h!!!


A Letícia propôs o toque de admissão, topei. Eu já estava muito desconfortável de ficar em qualquer posição! Ela disse, de 3 para 4cm! Lembro de sentir uma grande felicidade, foi a última dilatação que escutei, da minha primeira gestação! É... daqui pra frente tudo é novidade!!!! E logo desliguei a luzinha do córtex e me concentrei no processo!!!! Fui pra bola!!! A Lê me abanava!!! Me incentivava!!! Voltei pro chuveiro e as dores aumentaram muuuuuuuuuuito!!! Comecei a vocalizar!!! E não me dava conta dos sons que eu emitia! Nunca me imaginei fazendo isso, sou muito discreta! Kkkkkk... Mas nessa hora é muito instinto mesmo!!!!


Meu marido, preparando tudo, de vez enquanto via ele ali, parado me olhando como se quisesse me ajudar!! Tadinho!!! Correu muito pra que tudo ficasse pronto! Minha mãe vinha no meio das contrações perguntando se eu queria comer isso, tomar aquilo! Não conseguia nem responder!!! Mas senti seu amor e apoio!!!


O negócio começou a ficar mais intenso umas 22h e nós já estávamos novamente no meu quarto (era o meu ninho), à meia luz, com música relaxante, no meu aconchego... Lembro da minha Doula chegando... Algumas palavras de incentivo que foram importantes!!! Massagens!!!! Essências!!!! Já no chuveiro, comecei a sentir mais intensidade e eu não entendia porque estavam tão próximas uma contração da outra e então acendeu novamente minha luzinha: cadê os intervalos pra eu descansar? Se estão tão próximas deve está vindo a fase de transição! Eu preciso de uma pausa!!!! Será que vou aguentar a te amanhã cedo? Então a Letícia veio meigamente e falou no meu ouvido: desisti não, está perto do grande final!!!!


E a intensidade já era gigantesca! E ainda com minha luzinha do córtex acesa lembrei: "desce as escadas...." (A voz da Lissandra - sobre técnica hipnobirthing) Na mesma hora eu fechei meus olhos me auto induzi: desci as escadas e corri para o mar, entrei fundo e cada onda eu mergulhava fundo, e cada vez mais fundo... Sentia a água cair sobre meu corpo... O tempo? já não sabia, relaxei meu corpo, deixei ele entregue, e cada vez mais entregue. É: entrei na partolândia!!!! Atravessei o portal!!!! E meu corpo já fazia a força involuntariamente (incrível) e eu fui pro meu ninho e não sei mais dizer quantas contrações, mas escutava meus queridos dizendo: Tá chegando! Já vejo o cabelinho! Mais uma, na próxima!!! Tá chegando!!!



Começou a sair a cabeça, e nessa hora arde muuuuuuuuuito!!!! E em mais umas duas ondas saiu o restante do corpinho do Rafael!!! Uma hora da manhã da sexta-feira, 6/11/2015!!!! Em um trabalho de parto de 6 horas 30 minutos!!! MUITO RÁPIDO!!! Estava esperando mais de 12 horas o dobro desse tempo!


Mas não acaba aí!!!!


E ele nasceu e não chorou, só escutava minha mãe, meu esposo e minha irmã dizendo que ele era lindo!!! E minha ansiedade aumentava: eu queria vê-lo! Mais alguns estímulos, eu já sem entender: Mas ele não vem direto pra mim? Parecia uma eternidade, nem chegou a um minuto, nem se comparou ao Matheus que foi pra mim depois de duas horas!!!!


Logo o Rafael estava nos meus braços, ainda fraquinho! Tinha uma circular no pescoço e outra no peito, que a Letícia desfez! Muitas manobras que ele teve que fazer, trabalhou junto comigo, que o cansou! Ficamos ali, olhando ele reagir. A Lara (outra enfermeira obstetriz e neonatal) já providenciou o oxigênio para ele recuperar rápido! E seu chorinho miado fraquinho mas ali! Olhinhos atentos a minha voz!!! Meu coração batia muuuuuuuito forte! Comecei a orar: Deus, o Senhor foi quem começou essa boa obra, e sei que é fiel para concluir! Eu quero dar graças a Ti!!!! E tão logo meu Rafa estava bem! Recuperado! E eu perplexa com o que havia vivido! Amamentando minha cria que acabara de parir!





Até agora estou perplexa, mas certa de que:

Deus fez a mulher pronta para parir!

A dor é uma sensação que nós condicionamos o nosso corpo para suportá-la.

É muito bom parir!


A recuperação é surpreendente! Tomei banho antes de completar duas horas depois do parto, de pé, me sentindo ótima!!! Consciente do meu corpo, sem enjoos, sem vômitos, sem tonteiras!!! Estava bem!!! Com muita euforia, claro que não consegui dormir! Ficamos eu e meu marido, minha mãe e irmã, namorando o Rafa!!! Logo a equipe também veio se despedir, pois a mamãe e o bebezinho estavam estabilizados!!!!


Experiência que jamais esquecerei! No fim, só eu e meu esposo olhando pra ele e pensando em tudo de melhor que Deus havia preparado pra nós e que não podíamos imaginar! Foi muito além!!!



Sou grata a equipe Nascentia: em tudo, profissionais, amorosas e atenciosas, mais especialmente a Letícia, que viveu comigo essa história desde o primeiro encontro ainda com vinte e poucas semanas!!!!


A Doula Rosana, que mesmo virtualmente foi presente. E no dia foi maravilhosa, com um olhar sereno e confiante! Suas essências e massagens! Sua presença!!!!! Como foi importante!!!


Minha irmã, entrou no esquema meio de repente! Insegura, mas ali, fazendo fotos e assistindo meu pai, aos pouco sendo informado do que estava acontecendo, com todo o cuidado e zelo, para não deixá-lo apreensivo!


A minha mãe linda! Corajosa! Que me transmitiu amor só de olhar!!! Tinha certeza que ela queria estar no meu lugar! Refizemos grandes conexões primais!!! O parto foi um pouco dela Tb!


Meu marido, que pra me apoiar foi sensível, ultrapassando seus limites! Providênciou tudo pra que ocorresse como eu queria! Me transmitiu segurança o tempo todo!


E Deus!!!! Deus: o maior de tudo!!! Que me deu as portas certas no momento exato pra que eu abrisse e vivesse uma linda e emocionante história de vida!!





E ainda não acaba aqui: Queria dizer que há um puerpério após o parto! Se preparar pra isso também é importante: amamentar, madrugadas acordadas! Multiplicar o amor com o irmão mais velho!!! Organizar as rotinas!!! Uma força que a mulher também tem, de manter os olhos atentos e vigilantes, mesmo morreeeeeeeeendo de sono!!! Por isso, uma fase sem muitas visitas e intervenções, e apoio muito: não é frescura!!!! Nem é maldade!!!! Não nos julguem mal!!!



A maternidade nos transforma, assim como um casamento, como uma formatura, como um rompimento, como um luto... são estágios da nossa vida! Pensar nos estágios da vida, é pensar em viver o processo para se chegar ao resultado, e como não ligar o piloto automático para viver algumas das melhores emoções naturais da vida! Quando me casei ouvi muitas sábias palavras: curta o preparo, esse já é o casamento, o ritual do dia passa muito rápido, e não é isso que transforma! É o processo!!! A tendência do ser humano hoje é a buscar tudo da forma mais prática, automática, sem reflexão do que estamos vivendo, sem viver o processo! Nascer de forma calma, tranquila, seguindo seu processo de maturação, tempo, também faz diferença para o ser humano que está vindo! Como diz Michel Odent "Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer”! Vamos mudar o mundo!!!!!!!




 
 
 

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