Parto Domiciliar: Nascimento do Theo
- nascentia
- 23 de abr. de 2015
- 7 min de leitura
Recebemos a missão de acompanhar essa família linda no nascimento de seu segundo filho em casa. Theo chegou sereno e tranquilo, após um parto rápido e lindo, cercado de amor, de amigos, do papai e da irmãzinha Emily.
Nathaly relata a chegada do Theo no blog Identidade Materna e nos autorizou a postar aqui!
O Relato do Nascimento do Theo James
O parto da Emily foi um divisor de águas. A busca por informações sobre parto, criação com apego e maternidade consciente abriu a minha mente. Descobri na maternidade a minha verdadeira paixão.
Depois de passar por um parto respeitoso, cercado de amor e carinho, em um ambiente tranquilo e acolhedor, não havia dúvidas de que o meu próximo filho nasceria nesse mesmo ambiente, nosso lar!
A Gestação
Nós já assumíamos a possibilidade de engravidar quando Emily fizesse um ano de idade. Assim foi quando Deus nos agraciou, porque Theo já anunciava sua vinda, por meio do resultado positivo no exame de sangue, justamente quando do primeiro aniversário dela.
A gestação transcorreu de maneira diferente da anterior. Por exemplo, os incômodos gerados pelo peso da barriga estavam mais evidentes, assim como os enjoos.
As consultas de pré-natal começaram com médico do plano de saúde, porém os atendimentos logo de início contrariaram meus conhecimentos prévios, além de o obstetra não me propiciar o suporte clínico que eu pretendia. Assim, nessa gestação, já por volta da 17a semana, procurei atendimento com uma ginecologista/obstetra humanizada, da qual já tinha boas referências, juntamente com a equipe de parteiras, de cujas “rodas” de gestantes eu já participava. As consultas aconteceram de maneira alternada: uma vez com a obstetra, outra vez com as parteiras.
Por volta da 22ª semana, comecei a fazer sessões de fisioterapia para conseguir lidar melhor com as dores e para aguentar trabalhar mais alguns meses. Também incluí no pacote algumas sessões de preparação para o parto.
Por conta das intensas dores, apesar da fisioterapia, com 36 semanas, entrei de licença maternidade, então aproveitei para descansar, para curtir a Emily e para organizar as coisas do Theo (que até então não estavam prontas) e os preparativos para o parto, como finalizar a “playlist”.
O Início do Trabalho de Parto
Na sexta-feira, 13/03/15, com 40 semanas e 6 dias, vi o restante do tampão sair, só que estava mais amarronzado. Senti também uma fisgada na pelve juntamente com uma dor nas costas. Sim, eram os pródromos, que poderiam durar dias ou mais de semana. Mas não foi assim. Embora as contrações não estivessem me incomodando, percebi que estavam ritmadas, então decidi cronometra-las. Elas tinham intervalos médios de 3 minutos, às 17h. Talvez fosse início de trabalho de parto, mas como essas dores estavam completamente diferentes daquelas que senti quando do trabalho de parto da Emily, avisei a enfermeira-obstétrica (Lara) por mensagem, que me pediu para descansar e continuar cronometrando. Já às 19h, os intervalos das contrações aumentaram e ficaram irregulares, de 5 a 9 minutos. Foi justamente quando meu pai me ligou perguntando se estava tudo bem. Como as contrações estavam indolores e espaçadas, acreditei que o Theo ainda não viria naquele dia, entretanto me enganei. Às 21h30, os intervalos continuaram irregulares, mas diminuíram e ficaram entre 2 e 4 minutos, ainda sem dor. A equipe já estava de sobreaviso e a Lara já estava a caminho para me avaliar.
Coloquei Emily para dormir, tomei banho e fui ver filme com o marido. Pela minha experiência no trabalho de parto da Emily, eu liguei pra minha doula quando as contrações estavam de 5 em 5 minutos. Como poderia eu estar com contrações indolores de 3 em 3 minutos? Avisei a minha doula e a fotógrafa de que a Lara estava para me avaliar e que eu as chamaria caso estivesse efetivamente em trabalho de parto.
Lara chegou por volta das 22h15; as contrações estavam intervaladas de 3 em 3 min, com duração de 30 segundos. Pelo ultrassom, Lara ouviu o batimento cardíaco do Theo, que estava tudo normal. Dado o quadro, ela disse que aguardaria um tempo (uma hora ou mais) no local, porque poderia sim ser o início de trabalho de parto (TP). Ficamos conversando. Eu ainda duvidava um pouco de que já poderia ser o início do TP, porque não sentia dores durante as contrações, mas mesmo assim fiquei feliz em tê-la por perto, já que a companhia dela sempre foi muito agradável.

Até que começou a movimentação; o Tiago colocou um aviso de “Não perturbe: estou parindo!” na porta e foi encher a piscina. A Clara, minha doula, chegou por volta das 23:15 e trouxe consigo a energia de que eu precisava para acreditar que realmente estava perto da chegada do Theo; ela então começou a preparar o ambiente, com velas e aromatizantes, separou os óleos para massagem, já foi se localizando na cozinha, pondo a comida à mesa. Estávamos preparados para atravessar toda a madrugada. Em seguida, 23h30, a Mari (fotógrafa) também chegou.
A Emily, que até então dormia desde às 20h30, deu sinais de que iria acordar. Fui pro quarto amamentá-la, para tentar fazê-la dormir novamente, porém ela não quis, porque havia percebido alguma movimentação fora do quarto. Ela se levantou, foi pra sala e por lá ficou; interagiu, ficou brincando e nos fazendo companhia.

Fase Ativa do Trabalho de Parto
A meia-noite chegou e o dia virou. Já estávamos na madrugada de sábado. Com contrações mais evidentes, eu agachei, respirei fundo, imaginei e senti o meu corpo se abrindo e o bebê descendo (essa era uma das técnicas ensinadas pela Lissandra na roda de Terapias Alternativas e Introdução a Hipnose – hypnobirthing, realizada pela Nascentia). As contrações duravam em torno de 30 a 40 segundos e cessavam.
Mais adiante, os incômodos apareceram e eu precisei tomar providências, como ficar na bola e receber massagens (da doula, da enfermeira e do marido). Enquanto eu quicava na bola, a Emily também sentava na bolinha dela junto comigo. Além da massagem nas costas, bolsa de sementes bem quentinha no pé da barriga, eu respirava, agachava e caminhava pelo apartamento. Clara preparou comida e eu me alimentei. Tudo muito tranquilo e sereno, pois as dores estavam totalmente suportáveis, e eu também relaxava ouvindo minhas músicas no fundo; e Emily estava nos alegrando com sua companhia.


Às 2h, fui ao quarto tentar dormir, mas as contrações não deixaram. Algum tempo depois. voltei pra sala, e o processo se repetiu: contrações, agachamento, massagem, respiração. Até que senti uma vontade súbita de vomitar; opa! passou. Mais uma vez! corri pro banheiro, fiquei uns minutos e nada. Assim, veio aquela contração que me fez segurar na cadeira; quando me abaixei, senti um “ploc”. Havia saído um pouco de líquido transparente, meio rosado; a bolsa havia estourado. Então despi-me; nessa hora eu já não conseguia me levantar; como estava, fiquei.
Senti então as dores do expulsivo. Não acreditei que o Theo já estava nascendo ali, no chão da minha sala. Eu falei “quero ir pro chuveiro, a piscina não está quente?”, mas não consegui levantar. A posição que eu estava não era confortável, mas não tive forças para mudar. Eu estava de cócoras, mas, por conta do excesso de esforço, senti que a melhor posição seria de quatro apoios. Veio mais uma contração; eu estava abraçada com a Clara; daí veio um rugido. Emily se assustou pela primeira vez e começou a chorar. “Mamãe, mamãe”, dizia ela. Lembro de o Tiago estar com ela no colo e falando “calma filha, é o seu irmãozinho que está nascendo, é o Theo”.
Nessa contração, eu senti que o Theo havia descido. Ainda não acreditava que já estava no expulsivo. Passei a mão pra sentir se já era o Theo coroando, e lá estava cabecinha querendo sair. Então respirei, pedi água para beber (oh liberdade de estar em casa). Mais uma contração; círculo de fogo; rugido. Saiu a cabeça. Pedi água novamente. Coloquei a mão na cabeça dele e fiz carinho, enquanto esperava a próxima contração. A música de que eu mais gostava da minha “playlist”, “My Help comes from the Lord”, da banda “The Museum”, passava exatamente na hora do nascimento do Theo. Meu coração já estava transbordando de alegria e de amor por aquele ser cabeludinho. Respirei. Mentalizei que ele estava saindo. Mais uma contração seguida de um último rugido. Lara aparou o Theo e me entregou. Daí foi pura ocitocina, muito amor no ar. Novamente eu havia conseguido. Nossa família estava completa! Emily estava um pouco assustada, mas assim que viu o irmão nascer, parou de chorar e só voltou a chorar quando o ouviu chorando. Todos à volta estavam felizes e muito emocionados.

O Theo James nasceu por volta de 2h57min do dia 14/03/2015, pesando 4.340kg e medindo 54 cm. Eu o abraçava e repetia “é o meu bebê”. Admirava aquele bebê tão diferente da irmã, meu bebezão. Quentinho, cheiroso. Maravilhada eu estava como tudo foi conduzido, com o controle que eu consegui ter sobre a dor, com a rapidez do trabalho de parto. Enfim, foi tudo maravilhoso.

A placenta saiu uns 15 minutos após o parto. Quis me deitar, pois estava incomodada em estar sentada. Deitei no sofá, e o Theo já procurava o peito. Mamou e mamou. Fomos para o quarto, tomei banho, oramos e agradecemos a Deus pela nossa conquista, por nossos filhos e fomos dormir. Agora éramos quatro. Recomeçou a nossa história como pais, agora com duas crianças lindas e saudáveis.
Agradecimentos
Agradeço a Deus pela graça de nos abençoar com dois seres lindos e saudáveis e por nos confiar a responsabilidade de sermos pais.
Ao Tiago, meu amor, que desta vez teve um papel diferente a desempenhar; cuidou da Emily, criaturinha que nos surpreendeu com sua maturidade, pois se comportou muito bem durante o parto.
À minha amiga-doula, Clara Manik, que, com sua sensibilidade, organizou um chá de bênçãos maravilhoso, e me deu todo o suporte físico e emocional que eu precisava durante o parto. Você foi nota mil!
À Fisioterapeuta Carol Viana da Clínica Pelvi, que me ajudou a lidar melhor com as dores e com os incômodos da gestação. Aprendi a desenvolver melhor minha consciência corporal.
Às minhas parteiras queridas da Nascentia; Lissandra, pela palestra incrível que foi essencial no meu preparo psicológico para lidar com a dor. Lara, que além de enfermeira obstétrica e neonatal, foi psicóloga e amiga, aguentou minhas “trocentas” mensagens por dia, sempre tirando minhas dúvidas e me atendendo com prontidão. Letícia, que, com apoio e doçura, juntamente com a Lara, me deu todo o suporte no pós parto e no atendimento ao Theo.
À Dra. Renata Reis, que nos acompanhou durante essas 41 semanas, sempre presente, atendendo às minhas mensagens e tirando as minhas dúvidas.
À fotógrafa Mari Cardoso, que acompanhou toda a nossa gestação, parto e pós parto, registrando cada momento da maneira mais especial possível, com muita sensibilidade. Cada vez que vejo os registros, eu me sensibilizo com seu incrível trabalho.
À Dra. Carolina Fontenelle, que avaliou o Theo após o nascimento, que, além de amiga, é uma pediatra incrível.
Agradecemos também a todos que sempre acreditaram em nós, que nos apoiaram durante essa gestação; seja por enviar mensagens, por lembrar pelo Theo, como a preocupação com o meu bem-estar. Foram muitas pessoas envolvidas para fazer desse momento uma incrível história!

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